Chuva atrasa trabalho de combate à dengue em Londrina

24/05/2014 11:12

Trabalho de visita a 174 mil imóveis de Londrina foi adiado para segunda-feira.

O tempo não colaborou e o mutirão de combate à dengue, programado para começar ontem, teve de ser adiado. O trabalho de limpeza que deve passar por 174 mil imóveis de todas as regiões de Londrina foi adiado para segunda-feira, quando a chuva deve parar.

A campanha emergencial foi preparada para prevenir uma iminente epidemia de dengue na cidade, já que os números de casos confirmados da doença vêm crescendo rápido nas últimas semanas. Com um total de 838 casos confirmados e 1,4 mil casos aguardando resultados de exames, Londrina pode ter, nas próximas semanas, uma disparada no crescimento da dengue. Se chegar a 1.608 casos confirmados, a cidade entra em estado de epidemia, ou seja, uma incidência de 300 casos para cada 100 mil habitantes.

Com chuva, no entanto, é inviável visitar as residências. De acordo com o supervisor de Endemias da Secretaria Municipal da Saúde, Luiz Alfredo Gonçalves, além de sujar as casas das pessoas, os agentes correm riscos. “É perigoso, a pessoa fica tomando chuva, pode ficar doente, pode escorregar.”

O mutirão reuniu cerca de 600 pessoas, entre servidores municipais e voluntários do Tiro de Guerra, em 30 diferentes pontos de concentração. Os grupos aguardaram por quase duas horas. Diante da chuva incessante, foram todos dispensados.

A Secretaria de Saúde espera retomar a campanha na segunda-feira, mantendo o mutirão até a próxima sexta-feira. Junto com o trabalho de limpeza, também será feita a aplicação do fumacê, com 15 veículos cedidos pelo governo do Estado. A população também é convidada a participar do trabalho de limpeza ao longo da próxima semana. Os voluntários podem se oferecer para trabalhar pelos telefones 0800-400-1893 e 3372-9409.

Pesquisador esperava um ano difícil

O pesquisador da Universidade Estadual de Londrina (UEL) José Lopes, que estuda a dengue há dez anos, já esperava que a cidade enfrentasse um ano difícil. Segundo ele, no inverno de 2013, as pesquisas mostraram que a população do mosquito Aedes aegypti não sofreu redução, como era esperado. “O mosquito está mais resistente às baixas temperaturas e se reproduzindo em qualquer estação. Por isso, é preciso que o controle seja feito também no inverno. Se isso tivesse sido feito no ano passado, já teríamos um cenário melhor.”

Lopes defende a necessidade do mutirão, mas sugere uma estratégia diferente. “Quando eu tiro os criadouros, no mutirão de limpeza, os mosquitos vão procurar outros lugares. Por isso, a primeira etapa deveria ser o fumacê, para diminuir a quantidade de mosquitos adultos.” Após a limpeza, uma nova aplicação do fumacê atingiria os mosquitos que estão migrando. “Para receber os adultos que ainda sobraram, deveriam ser usadas armadilhas”, sugere ele, referindo-se às ovitrampas, armadilhas criadas por ele para sequestrar os ovos do mosquito.