Renovada, Adega do Porto oferece cardápio de massas.
Não fosse seo José Félix da Silva, hoje com 83 anos, trocar a boleia do táxi no Rio de Janeiro pela efervescente Londrina dos anos 1950, o bar e hoje restaurante Adega do Porto não existiria. Paraibano e morador da então capital federal há dez anos, resolveu vir para o Norte do Paraná no fim daquela década porque os negócios do irmão viajante, vendedor de tecidos, não andavam muito bem. Aqui, os dois resolveram abrir o bar. Ele em Londrina, e o irmão em Apucarana. O primeiro endereço da Adega foi ali na Avenida Duque de Caxias, num ponto entre as ruas Goiás e Espírito Santo. Era o dia 25 de maio de 1958.
“Fiquei ali por uns 20 anos. Depois viemos para a [Rua] Brasil, onde ficamos mais 30 anos. Trabalhei esses 50 anos e depois passei para a frente”, lembra o fundador e primeiro proprietário, José Félix da Silva.
A mudança de endereço ocorreu porque o verdureiro que ocupava o ponto na esquina da Rua Brasil com a Espírito Santo morreu e a mulher, que morava no sobradinho da frente, vendeu o terreno. Os fundos deram lugar ao novo estabelecimento. “O japonês verdureiro tinha uma casa e atrás um terreno vazio. Ao lado tinha uma pensão.”
De fato, o lugar é tradicional. Eu, particularmente, recordo-me da Adega desde criança porque minha avó morava – e continua morando há quase 50 anos – num prédio na esquina de cima, na Rua Espírito Santo com a Avenida Duque de Caxias.
Por ali passavam os trabalhadores, “gente do bem”, como chama Félix da Silva, para tomar um “copinho” de vinho depois do trabalho. “A gente vendia muito vinho, mas era mais de barril. A pessoa vinha e comprava um copo, um litro ou um garrafão. Depois a madeira começou a ficar cara e começamos a vender de garrafão mesmo”, conta.
O vinho era para ser tomado ali no balcão mesmo, ao lado duma boa companhia. E de bons petiscos. “Tinha sarapatel, dobradinha e mocotó para comer com farinha de mandioca e pimenta. A gente cobrava baratinho”, diz.
E por ali passaram muitas pessoas. “O pessoal que ia era tudo do bem. Naquele tempo não tinha a malandragem de hoje.” O bar ficava aberto das 8h até à 1h. Ao se aposentar, Félix da Silva passou o ponto ao novo proprietário, Jeferson Gonçalves, no comando do bar que virou restaurante há cinco anos.
A grande mudança foi transformar o local também em restaurante. “Introduzimos a cozinha. Antes era só vinho e atendimento no balcão”, diz Gonçalves.
Há pouco mais de dois anos a casa passou a oferecer um cardápio variado de massas: lasanha, espaguete, penne, panquecas, capeleti, ravióli, entre outras, com diferentes tipos de molhos e recheios, desde brócolis, frango com catupiry, palmito, queijos e bolonhesa. “As receitas todas são 80% nossas, assim como o molho de tomate e as massas, que nós produzimos. São duas chefs de cozinha, uma de manhã e outra de noite”, ressalta Gonçalves.
Um dos mais gostosos, que eu provei já algumas vezes, é o nhoque de catupiry com molho branco, que acompanha um bom vinho.
A maioria dos vinhos hoje oferecidos na Adega vem da Casa Perini, de Farroupilha, no Rio Grande do Sul. Há outros, entretanto, da cidade de Flores da Cunha. Há rótulos de outras regiões e até importados: Chile, Argentina, Espanha e Portugal.
Serviço:
Adega do Porto (R. Brasil, 815). Aberto das 8h à 1h30. Fone: 3338-0815.